Não posso adorar o que não existe, o diabo não é criação da minha religião.

sexta-feira, 25 de dezembro de 2009

O que é Natal? Final

O Significado Esotérico dos Reis Magos

 por Ligia Cabús


Para o ocultista cristão e católico Eliphas Levi, a visita dos Reis Magos ao menino Jesus tem um significado esotérico: a religiosidade baseada em rituais mágicos, antiqüíssima, já corrompida e utilizada de forma abusiva [magia negra] deveria se ocultar aos olhos do mundo, do povo, para dar lugar a uma religiosidade ideológica, caracterizada pela ética e paranormalidade eventual do pensamento e fé cristãos. Uma instituição que cai para dar lugar a outra.

Nos evangelhos apócrifos, os Magos são apresentados com detalhes que não aparecem nos livros canônicos. Os estrangeiros eram reis porque eram magos, ou seja, praticavam a "arte real"; ou seja, Não eram reis no sentido político do termo, porém reis em virtude da magia, que em épocas muito antigas era chamada sanctum regnum, ou santo reino.
Chegaram a Jerusalém acompanhados por uma comitiva de 12 mil homens. Saíram de suas terras de origem porque foram avisados e guiados por um anjo que assumiu a forma de uma estrela - a estrela guia ou estrela de Belém. Foram testemunhar o cumprimento de uma profecia tão antiga quanto Adão que anunciava o nascimento de um rei dos judeus que seria o Salvador do mundo. Os presentes que ofertaram eram símbolos de profundo significado: ouro, representado a realeza da criança; o incenso, sua natureza divina e a mirra* prenunciava a morte pelo bem Humanidade e a imortalidade depois desta vida [um composto de mirra e aloés foi usado no embalsamamento de Jesus  - João 19: 39 e 40)].

* MIRRA: resina extraída da árvore do mesmo nome [Commiphora molmol]. É utilizada em medicamentos porque é anticéptica. Entre os egípcios, era usada no processo de mumificação; também pode ser manipulada como incenso em funerais e cremações. Sua fragrância lembra o cheiro da terra.

Escreve Levi, em Dogma e Ritual da Alta Magia:

"A estrela alegórica dos magos outra coisa não é senão o misterioso pentagrama; e estes três reis, filhos de Zoroastro (discípulos), guiados pela estrela flamejante ao berço do Deus microcósmico, seriam suficientes para provar as origens inteiramente cabalísticas e verdadeiramente mágicas do dogma cristão. Um destes reis é branco, outro preto e o terceiro é moreno. O branco oferece ouro, símbolo da vida e da luz; o preto oferece mirra, imagem da morte e da noite; e o moreno apresenta o incenso, emblema do dogma divino, conciliador dos dois princípios (vida e morte); depois voltam ao seu país por um outro caminho, para mostrar que um culto novo é simplesmente um novo caminho para levar a humanidade à religião única, a do ternário sagrado (Santíssima Trindade) e do irradiante pentagrama, um único catolicismo ..." [p 275 | 276].

Estes Magos, pertenciam à escola de Zoroastro, Pérsia mas são reconhecidos como proveniente de três continentes: Europa, Ásia e África, os "três mundos" conhecidos na época. Os nomes dos magos também guardam uma simbologia: Gaspar, "Aquele que vai inspecionar", era um jovem; Belchior, "Meu rei é Luz" um velho e Baltazar, "Deus manifesta o rei", um coroa na casa dos 40 anos. Atualmente, estes magos são considerados santos e seus supostos restos mortais encontram-se na catedral de Colônia, cidade de Colônia, Alemanha.

A Verdadeira História do Papai Noel


A figura e a característica de portador de presentes do Papai Noel, mundialmente conhecido por diferentes nomes [veja lista adiante] foi, portanto, forjada com elementos lendários de diferentes culturas. No caso específico do folclore cristão, foi incluído o personagem de Santa Klaus ou São Nicolau, nascido na segunda metade do século III, morto em 6 de dezembro de 342. Ele foi bispo de Mira [na Turquia]. É o santo padroeiro da Rússia, da Grécia e da Noruega, patrono dos guardas noturnos na Armênia e dos coroinhas na cidade de Bari, na Itália.
Dia a lenda que um homem muito pobre vivia amargurado porque não tinha dinheiro os dotes nupciais de suas três filhas, destinadas, assim, a ficar "solteironas". O então bispo Nicolau, tomando conhecimento do caso, secretamente, depositou bolsas recheadas de moedas de ouro nas meias das moças que observara, postas a secar diante da lareira. A história se espalhou; todos falavam sobre o misterioso benfeitor que  salvara as moças do "encalhamento". Diziam que ele tinha entrado na casa descendo a chaminé. Nicolau aproveitou a idéia e passou a beneficia, anonimamente, outras pessoas carentes, especialmente crianças.
Ao longo dos séculos, associando elementos daquelas várias cultura em torno das festividades de fim de ano, a imagem do Papai Noel globalizado foi se definindo até alcançar a configuração que tem hoje: idoso obeso e barbudo vestido com casaco, calças e gorro vermelhos, debruados com pelugem branca e calçando botas altas. Em 1866, a concepção do artista alemão Thomas Nast, criada para a revista Harper's Weeklys caiu no gosto popular contemplando a imagem atual: um duende na terceira idade, norte-europeu que engordou e cresceu demais.
Observemos que segundo os padrões estéticos e sanitários "politicamente corretos" da pós-modernidade o excesso de tecido adiposo, gordura, banha mesmo! do velhinho poderá ser banido como característica do design posto que a obesidade, atualmente, é considerada doença ou sinal de preguiça, desleixo pessoal. Aliás, nem sempre ele foi representado com excesso de peso. O Papai Noel rechonchudo pode estar com os dias contados tal como aconteceu no carnaval baiano de 2008, quando os poderes públicos rejeitaram a tradição-mau exemplo dos gordos e escolheram um rei Momo magro, o Sr. Clarindo Conceição. Sim, tudo muda, a cultura é uma força viva. Meditemos.

O Papai Noel globalizado tem endereço certo: mora na Lapônia, cidade de Rovaniemi - Finlândia, onde mantém seu escritório e a suposta oficina. Ele tem uma equipe de anões ajudantes, recebe pedidos pelo correio: Santa Claus - FIN-96930 Arctic Circle - Rovaniemi - Finlândia e tem um site na internet: . Viaja em um trenó puxado por nove renas mágicas: a rena guia, cujo nariz vermelho brilha como uma lâmpada na escuridão, Rudolph [Rodolfo], Dasher [Corredora], Dancer [Dançarina], Prancer [Empinadora], Vixen [Raposa], Comet [Cometa] Cupid [Cupido], Donner [Trovão] e Blitzen [Relâmpago]. Estas renas foram acrescentadas ao mito do Papai Noel no século XIX.
Outro elemento mágico da lenda, diz que o personagem, à semelhança de um vampiro [!?] pode entrar em qualquer residência, ainda que esta  não tenha chaminé: ele se transubstancia em fumaça e pode passar por qualquer fresta ou buraco de fechadura [com saco e tudo!]Mas os presentes do velho Noel não são para todos: somente aqueles que, durante o ano, foram "bons meninos e meninas" ganham. E não adianta tentar mentir ou abafar o caso sobre sua má conduta. O Papai Noel tem um telescópio e espiões encantados espalhados em todo lugar. [Esse Papai Noel devia trabalhar na polícia!]

Nome do Papai Noel em várias línguas


Alemanha: Nikolaus (ou Weihnachtsmann - literalmente, "homem do Natal")
Brasil: Papai Noel [Noel significa Natividade/Natal em francês]
Chile: Viejito Pascuero
Costa Rica: Colacho
Cuba e Republica Dominicana: Santa Claus, pronunciado como Santi Clo
Dinamarca: Julemanden
El Salvador, Guatemala, Honduras, Nicaragua y México: Santa Claus (no México se pronuncia Santaclós)
Espanha, Argentina, Colômbia, Paraguai , Peru e Uruguai: Papá Noel
Estados Unidos: Santa Claus
Finlândia: Joulupukki
França: Père Noël
Hungria: Télapó
Inglaterra: Father Christmas
Itália: Babbo Natale
Islandia: Jólasveinn
Macedónio: Dedo Mraz
Noruega: Julenissen (literalmente "Duende da Natividade")
Países Baixos: Kerstman (literalmente, "homem do Natal") ou Sinterklaas
Panamá: Santa Claus.
Portugal: Pai Natal
Porto Rico: Santa Claus (pronunciado como Santa Clo')
República Dominicana: Santa Claus (pronunciado como Santa Clo ou, às vezes, Santi Clo)
Romênia: Moş Crăciun
Rússia: Ded Moroz [Avô do Frio, ou do Inverno]
Suécia: Jultomte
Venezuela: San Nicolás o Santa Claus (pronunciado como "Santa clos")
Costa Rica: Colacho

O Fim do Natal


Entre o paganismo e o cristianismo, o Natal, ou mais apropriadamente, a "Festa da Natividade" mudou e vem mudando; a cada século, a cada década. As Saturnálias Romanas e os festivais bárbaros de solstício de inverno serviram de referência para, até hoje, marcar dois eventos tão populares quanto idealmente opostos: o Natal cristão e o carnaval. A primeira festa, em teoria, celebra valores espirituais; a segunda, valores materiais, a "carne". Estas celebrações, esse comportamento próximo ao primitivismo do aborígene mais selvagem, como todo faxineiro de ocultista sabe, essas esbórnias comunitárias são atos mágicos coletivos arcaicos.  Funcionam como rituais de evocação daqueles valores que representam. As práticas características de cada festa são como um chamado à causa formativa das coisas. Como diz o povo, "dinheiro chama dinheiro"; banquete chama fartura.

Assim, o Natal celebra ou celebrava a "esperança", nascimento, renascimento, renovação cujo símbolo principal, entre os cristãos, tornou-se a "cena" da Natividade, ou seja, uma alegoria abrangente que se refere à idéia de nascer, renascer, renovar. Uma meditação muito séria sobre os mistério da morte e da escuridão, onde a todo momento mergulham os que morrem; mistérios da vida e da luz, para onde emergem todos os seres que despertam neste mundo. Reflexão sobre o sol e seus ciclos: rotação, começo e fim do dia; translação, começo e fim de um ano, de um ciclo, como o ciclo produtivo da terra, reprodutivo entre os animais.

O carnaval, nada espiritual, é a celebração do prazer de viver na esfera da existência meramente física: comer, beber, drogar-se, copular. O aspecto carnavalesco das festas pagãs incluíam, inevitavelmente, certa dose de orgia: gente pelada, bêbada, drogada e prostituída; gente que de tal forma se entrega ao desvairio dos sentidos que já não sabe quem é nem quem meteu o quê em que lugar.

Enquanto, tradicionalmente, o  Natal cristão foi instituído, convencionalizado  para evocar o valor espiritual da Natividade, do nascimento de uma esperança, um Salvador do Mundo capaz de redimir a Humanidade de seus "pecados", isto é, de seus erros; o carnaval, evocando o material, o apelo da carne, foi convencionalmente instituído/tolerado como um parêntese moral anual que permite aos civilizados-cristãos uma chance de "tirar a máscara" colocando "a máscara" [de carnaval, de Dionísio], utilizando substâncias que alteram os sentidos de modo que pessoas, despidas de vergonha, possam, literalmente, "soltar os bichos", assumir a sensualidade, o sentir meramente animal.

Em seus primórdios, o Natal cristão era uma festa religiosa comportada e fraternal, singela em troca de cortesias, embalada por canções que falavam do menino Jesus, o "Deus-menino" e do bom velhinho. Compravam-se presentes em segredo. As crianças saboreavam o gosto da surpresa na manhã de 25 de dezembro. Na véspera, as famílias se reuniam. Nas salas impecavelmente "faxinadas" destacavam-se  as árvores enfeitadas com bolas coloridas de vidro delicadíssimo e outras figinhas, preciosos acessórios guardados para esse fim, as vezes, durante décadas. Nas mesas, a estrela gastronômica, o peru! Muitas vezes comprado vivo e adequadamente tratado até o momento fatal, quando a ave era forçada a tomar uma meia garrafa de cachaça antes de sentir corte do facão da empregada. Muitas vovozinhas boazinhas já degolaram perus...  Morte piedosa em nome de boa causa. Porém... as coisas mudam; a tradição se esvazia no tempo, no espaço, na evolução da cultura. A tradição se transfigura em processo natural de extinção. Se Humanidades acabam, civilizações desaparecem, não há motivo para crer ou esperar que qualquer tradição seja eterna! Grotescas degenerações transformam o sentido mais profundo de um tema. Porque na realidade humana, terrena, mundana, tudo se esgota, tudo se esvai em vapores, radiações e pó. É patético o esforço dos saudosistas em fingir que ainda é possível ressuscitar o clima primitivamente cristão, franciscano! do Natal.
A grande família não existe mais. Ela começou a morrer na Revolução Industrial! Podemos imaginar que está prá lá de moribunda. Já não existem os casarões.  Seus avós são divorciados e pagam gigolôs para ter "vida sexual". O peru é chester com apito. Nos apertamentos de dois quartos, uma masmorra, cozinha "americana" e sem dependências de empregada os nostálgicos ainda "armam" o pinheiro adornado com bolas e outros bibelôs dourados e o pisca pisca-pisca de 100 pontos. Tudo é de "prástico". Sai por menos de 30 reais nas Lojas Americanas.

Hoje, antes, muito antes do dia 25, os demônios de 3, 5, 7 anos, os tiranos adolescentes e pré-adolescentes e até os adultos infantilizados da pós-modernidade  aterrorizam a mãe solteira, separada ou mal explicada no hipermercado apontando brinquedos, roupas e caixas de DVDs que eles "qué!" nesse Natal. [Foi por isso esse articulista de mediana inteligência escolheu não ter filhos... "Larga isso, diabo!"].

O Natal genuinamente cristão acabou. Regressou ou regrediu a uma espécie de paródia enervante das Saturnálias. Maratona exaustiva e nada divertida de muitos dias. Não é o "Natal das Crianças". É o Natal das dívidas dos próximos meses para financiar o show de hipocrisia de TER de presentear, ter de "comparecer", ter de estar com aquela cara de boas-festas ainda que seja diante de quem te detesta. Muitos, atolados em suas próprias sacolas, dirão em tom de crítica consciente, ainda que submissos à convenção, que este é o natal do capitalismo, o natal do comércio e consumo. Mas é, sobretudo, o nosso Natal, o Natal moribundo do nosso tempo, tão moribundo quanto o próprio sistema socioeconômico caduco que como um câncer descontrolado não tem mais para onde crescer. Como diria Nostradamus:

Os simulacros de ouro e prata inflacionados,
depois de terem servido,
serão atirados a um fogo em fúria:
Esgotados e conturbados pela dívida pública,
os papéis e moedas serão destruídos

Centúria VIII-28, ... meditemos ...


Este é o Natal dos cristãos paganizados. Retrato irônico das marés reversas tão típicas da dinâmica da História humana: pagãos perseguiram cristãos que conquistaram cristianizando os pagãos e por fim os cristãos paganizam a si mesmos porque no mata-mata do dia-a-dia contemporâneo esqueceram do que é feita a essência de um cristão. Não há tempo. "É tarde, é tarde", dizia o coelho para Alice. É tarde para se lembrar do significado mais belo do Natal. Agora, não temos cristãos... nem pagãos, nem budistas, nem judeus, nem muçulmanos, nem xintoístas, nem umbandistas, etc., nada disso. A Igreja mundial é a dos desesperados imediatistas. Escravos de boletos e faturas, de demoníacos cartões magnéticos. É tarde para cancelar ou boicotar o Natal. Isso arruinaria a economia mundial!

Não! Nesse fim dos tempos, nós não adoramos "a Besta"! Nós nos tornamos uns bestas e as bestas [de carga], idiotas mesmo, impelidos ao suicídio financeiro, atolados no desconforto econômico sem sentido, sufocados pela mão invisível das convenções e leis de mercado que berram nas "bocas" dos midia,  "Corra! Você tem que comprar!" . Como profetizou o Mago Ladino [1686-1769]: "No tempo da máquina voadora, o homem orienta-se com um monstro falador... E o "monstro" ordena:? Tem que comprar no Natal, no carnaval, na Páscoa, no dia da mamãe, no São João, no dia do Papai e na porra do dia das Crianças! E quando, finalmente, chega um feriado mais em conta, dia 2 de novembro, que beleza! Dia de Finados, no dia 03 começa tudo de novo porque "É Natal, É Natal"..."

 Fonte: Morte Subita

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